Xi da China e Putin da Rússia falam de geopolítica em videochamada
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, está sentado em seu escritório na residência Novo-Ogaryovo durante uma reunião bilateral com o presidente da China, Xi Jinping (na tela de vídeo), por meio de uma chamada de vídeo.
Mikhail Metzel | TASS | Getty Images
PEQUIM – O presidente chinês Xi Jinping e o presidente russo, Vladimir Putin, realizaram sua segunda videochamada do ano na quarta-feira, em meio a crescentes preocupações internacionais sobre as tensões na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia.
Putin ganhou o apoio de Xi por sua tentativa de obter garantias de segurança obrigatórias para a Rússia do Ocidente, disse um funcionário do Kremlin, de acordo com a Reuters.
A Rússia quer que os Estados Unidos e a OTAN garantam que a aliança militar não se expanda mais para o leste ou implante sistemas de armas na Ucrânia e em outros países na fronteira com a Rússia.
Putin também chamou Xi de seu “querido amigo” e disse que as relações entre os dois países atingiu “um nível sem precedentes alto”, de acordo com um relatório das declarações de abertura da chamada da agência de notícias estatal russa TASS.
A videochamada dos dois líderes durou pouco mais de uma hora, das 16h07 às 17h21, horário de Pequim, segundo a mídia estatal chinesa. Poucos detalhes sobre a ligação estavam disponíveis até o final da quarta-feira, horário de Pequim.
Xi e Putin se encontraram pela última vez no final de junho, também via link de vídeo. No início do ano, os dois líderes se encontraram por vídeo como parte da cerimônia de lançamento de um projeto de reator nuclear. Putin e Xi também falaram por telefone em agosto, após a tomada do poder pelo Taleban no Afeganistão, quando os EUA retiraram suas tropas.
Antes da reunião virtual, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os dois líderes discutiriam as tensões na Europa e descreveu os dois países como “aliados”. de acordo com a Reuters.
“Vemos uma retórica muito, muito agressiva do lado da OTAN e dos EUA, e isso exige uma discussão entre nós e os chineses”, disse o porta-voz, de acordo com o relatório da Reuters.
Membros da OTAN – uma aliança militar poderosa – prometeram em junho enfrentar ameaças da China, além da Rússia.
Em uma reunião virtual com o presidente dos EUA, Joe Biden, na semana passada, Putin disse que Washington não deveria permitir que a Ucrânia ingressasse na Otan em troca de garantias de que as tropas russas não realizariam um ataque.
Biden disse que Washington não aceitaria tal exigência.
Um ataque a um membro da OTAN é considerado um ataque a todos os países membros. A Ucrânia deseja aderir à aliança desde 2002, mas a Rússia objetou, alegando que tal movimento seria uma ameaça direta às suas fronteiras.
É menos claro qual é a posição de Pequim sobre a Ucrânia. Xi falou por telefone com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em julho, de acordo com Ministério das Relações Exteriores da China.
Os líderes do G-7 emitiram um comunicado no domingo condenando “o aumento militar da Rússia e a retórica agressiva em relação à Ucrânia”. Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido fazem parte do bloco das principais economias.
A China não faz parte do G-7. O país compartilha uma longa fronteira com a Rússia e grande parte de seu relacionamento bilateral tem se concentrado no comércio, especialmente em energia. Este ano, a China comprou quantidades significativas de carvão e outros combustíveis de seu vizinho do norte para ajudar a diminuir a escassez de carvão.
Xi disse na quarta-feira que espera ver Putin nas Olimpíadas de Pequim e iniciar um novo capítulo nas relações China-Rússia após a Covid, de acordo com a mídia estatal chinesa.
Os Jogos estão programados para começar no início de fevereiro, e Biden anunciou um boicote diplomático, embora os atletas ainda possam comparecer.
– CNBC’s Abigail Ng contribuíram para este relatório.