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Cadê os empregos remotos? Retomada pós-vacina derruba oferta de vagas em home office

Cadê os empregos remotos? Retomada pós-vacina derruba oferta de vagas em home office

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Com o avanço da vacinação e a diminuição gradual das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, muitas empresas vêm se preparando para o retorno aos escritórios, seja na modalidade híbrida ou 100% presencial – um movimento que vem se refletindo nas vagas ofertadas pelo mercado.

A seguir, os resultados de levantamentos feitos por alguns dos principais sites de emprego do país com exclusividade para o 6 Minutos:

Catho
De acordo com a plataforma de recrutamento online, o número de posições para home office cresceu apenas 2% entre as primeiras quinzenas de setembro e outubro, um recuo diante dos 26,7% registrados entre janeiro e julho deste ano. “O grande boom de contratações remotas já aconteceu, por isso agora o indicador vem andando de lado, em linha com os meses anteriores”, afirma Patricia Suzuki, diretora de Gente e Gestão.

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Empregos.com.br
A análise do portal revela uma queda de 39,2% nas ocupações remotas entre agosto e setembro.

Infojobs
O site não prevê a categoria de trabalho híbrido, incluso somente na descrição das vagas. Diante disso, 17% das posições ativas atuais correspondem à modalidade “remota” e 83%, “presencial”.

Vagas.com
No intervalo de maio a setembro, a disponibilidade de vagas para trabalho híbrido aumentou em 34,6% e para o presencial, 52,9%.

Qual o motivo dessa desaceleração?

“Aqui no Brasil, as empresas ainda colocam muito peso na presença física dos funcionários”, diz Milton Beck, Diretor Geral do LinkedIn para América Latina. “Para muitas delas, o profissional que está no escritório cumprindo uma jornada de oito horas pode valer mais do que alguém que trabalha de casa e em horários alternativos.”

Seja como for, pesquisas mostram que, assim como os patrões, boa parte dos profissionais brasileiros ainda tende a dar preferência ao bom e velho modelo presencial – apesar das benesses relacionadas à vida “híbrida ou remota”, como evitar o transporte diário, ter uma vida profissional mais balanceada e a facilidade do cuidado com os filhos, entre outras.

Um levantamento recente do Empregos.com.br revela que 45% dos entrevistados preferem o trabalho “ao vivo” e apenas 6,5%, o modelo híbrido. Um dos principais motivos para isso tem a ver com o estigma negativo daqueles que atuam em casa.

Segundo estudo do LinkedIn com mais de mil respondentes, 56% concordam que quem opta por exercer suas funções nos escritórios tem potencialmente mais chances de receber atenção de gestores e colegas e, por tabela, ascender na carreira.

Perfil “remoto”

O fato é que, mesmo com a adesão exponencial ao trabalho remoto e híbrido por parte das empresas em função da pandemia, a cultura tradicional e a falta de confiança nos níveis de engajamento dos funcionários que atuam à distância ainda impedem um maior avanço destas modalidades. Prova disso é que, apesar de cerca de 20% dos trabalhadores brasileiros exercerem funções passíveis de serem realizadas em home office, apenas 9,2% efetivamente trabalhavam de forma remota em novembro de 2020, segundo os dados mais recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com a entidade, o perfil médio dos trabalhadores “remotos” na pandemia é de brancos (65,3%), mulheres (57,8%), com atuação no setor privado (61,1%), nível superior completo (76%) e idade entre 30 e 39 anos (31,9%).

“A escolaridade é a variável mais correlacionada com a probabilidade de teletrabalho no país”, diz o pesquisador do Ipea, Geraldo Góes.

“Na prática, isso significa que profissionais com nível superior completo, que em geral não necessitam da utilização de maquinário pesado nem contato com o público para o desenvolvimento de suas atividades, possuem 23% a mais de chance de atuar remotamente do que aqueles com nível fundamental incompleto.”

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